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O PENSAMENTO DA DIFERENÇA E A MEDIAÇÃO DA INFORMAÇÃO INSTITUCIONAL EM BIBLIOTECAS PÚBLICAS: CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS SOBRE MEDIAÇÃO DE GÊNERO
Giulia Crippa

Prédio: Faculdade de Ciência da Informação (FCI)
Sala: Sala 215@FCI - GT 3: Mediação, Circulação e Apropriação da Informação
Última alteração: 22-09-2011

Resumo


Este trabalho utiliza a categoria analítica de gênero, ainda pouco presente na Ciência da Informação, para propor um modelo teórico de mediação centrado na diferença sexual para o acesso ao conhecimento institucionalizado e público. Privilegia-se, nesse sentido, o espaço representado pela biblioteca pública. Pretendemos, aqui, colocar algumas bases para um mapeamento mais amplo sobre as mulheres no papel de protagonistas na produção e circulação de saberes institucionalizados no âmbito das bibliotecas, assim como no papel de agentes que se apropriam da informação: as mulheres denominadas, daqui em diante, com o termo adotado pela C.I. e declinado no feminino de “usuárias”. As questões apresentadas, de natureza teórica, buscam oferecer uma intersecção entre a proposta acadêmica dos Estudos de Gênero chamada Pensamento da Diferença, e os problemas de Mediação que existem dentro do espaço público da biblioteca. O pensamento da diferença discute a hipótese de uma tipologia específica de mediação, fundamentada na ideia de genealogia feminina, negada. Por outro lado, o espaço público, proposto como lugar do neutro, é historicamente moldado em uma genealogia patriarcal. Decorre disso um lapso nas formas e linguagens da mediação da/para as mulheres no espaço público, representado pela biblioteca, onde se assume que o conhecimento e a apropriação da informação se realizam neutramente. A noção de subalternidade oferecida por Spivak (2010) remete à aprendizagem de linguagens e gestos hegemônicos como universais. Todavia, o subalterno, identificado, aqui, com o gênero que envolve profissionais e usuárias, possui linguagens e gestos próprios que, quando reconhecidos, transformam os atos de circulação e apropriação da informação vista não mais como neutra.

Palavras-chave


Mediação da Informação; Teoria da Diferença; Biblioteca

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